Em 2024, as mulheres brasileiras receberam, em média, 20,9% a menos que os homens em cargos equivalentes, segundo o 3º Relatório de Transparência Salarial e Igualdade Salarial, divulgado nesta segunda-feira (7) pelos ministérios da Mulher e do Trabalho e Emprego (MTE). A desigualdade persiste mesmo com o aumento da participação feminina no mercado — e se agrava para mulheres negras, cuja remuneração é 52,5% menor que a dos homens não negros.
Dados Principais
✔ Diferença salarial geral:
- Homens: R4.745,53
Mulheres: R4.745,53 - Mulheres: R3.755,01 (20,9% a menos).
- Mulheres negras: R$ 2.864,39 (39,6% a menos que homens e 52,5% a menos que homens não negros).
✔ Alta gestão:
- Mulheres em cargos de diretoria/gerência ganham 26,8% a menos que homens.
- Com diploma superior, a diferença salarial sobe para 31,5%.
✔ Evolução:
- Em 2022, a diferença era de 19,4%; em 2023, 20,7%. Estagnação em 2024 reflete lentidão nas mudanças estruturais.
Contexto e Análise
1. Raça e Gênero:
- A desigualdade é acentuada para mulheres negras, que representam 3,8 milhões de trabalhadoras (aumento de 600 mil desde 2023).
- Apesar disso, o salário médio delas equivale a apenas 60% do recebido por mulheres brancas.
2. Avanços Parciais:
- Queda de 5,5% no número de empresas com menos de 10% de mulheres negras contratadas.
- Aumento de estabelecimentos com diferença salarial inferior a 5% entre gêneros.
3. Impacto Econômico:
- Se a equiparação salarial fosse realidade, R$ 95 bilhões seriam injetados na economia em 2024.
Fala das Autoridades
Cida Gonçalves (Ministra da Mulher):
“A desigualdade persiste por falhas estruturais, desde a sobrecarga do trabalho doméstico até a resistência das empresas em valorizar mulheres. Elas só têm a ganhar com equidade.”
Paula Montagner (MTE):
“Mesmo com mais mulheres no mercado, a massa salarial delas cresceu apenas 1,7% em nove anos (de 35,7% para 37,4%). Isso mostra que ocupam vagas com remuneração inferior.”
Ranking dos Estados
Os menores gaps salariais foram registrados em:
- Acre
- Santa Catarina
- Paraná
- Amapá
- São Paulo
- Distrito Federal
Perspectivas
O relatório destaca que, embora o número de mulheres empregadas tenha crescido 15,4% desde 2015 (para 44,8 milhões), o ritmo de redução da desigualdade é insuficiente. Para especialistas, políticas como:
- Licença parental compartilhada,
- Fiscalização de empresas, e
- Programas de promoção de mulheres negras
são urgentes para reverter o cenário.
Destaque Final:
“Se o avanço continuar no mesmo ritmo, a igualdade salarial só será alcançada em 2080”, alertou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em nota técnica.
Fontes: MTE, IPEA e Relatório de Transparência Salarial 2024.