Laura Epstein, CEO da Pulse Charter Connect, atrai investimento milionário e transforma a logística de transplantes nos EUA
Nos Estados Unidos, milhares de órgãos doados são desperdiçados anualmente por falhas na logística. Com mais de 100 mil pacientes na lista de espera e apenas 45 mil transplantes realizados ao ano, a ineficiência do sistema contribui para 16 mortes diárias. Diante desse cenário, Laura Epstein decidiu agir.
A fundadora da Pulse Charter Connect identificou o problema enquanto prestava consultoria para uma empresa de fretamento aéreo durante seu MBA na Universidade de Chicago. Piloto licenciada e engenheira aeroespacial, ela usou sua expertise para criar uma plataforma moderna e automatizada que está revolucionando o transporte de órgãos nos EUA. O resultado? Mais vidas salvas e um sistema mais eficiente.
Uma Solução para um Setor Defasado
Criada em 2022, a Pulse Charter Connect elimina processos manuais e obsoletos, conectando hospitais e instituições médicas a frotas especializadas de transporte. Um dos grandes desafios desse setor é a falta de rastreamento em tempo real, que gera atrasos e perda de órgãos viáveis. Em 2023, Barry Friedman, ex-diretor executivo do AdventHealth Transplant Institute, destacou esse problema no Senado americano: “Qualquer pessoa pode rastrear um pacote da Amazon, mas não há um sistema consistente para rastrear órgãos de transplante.”
A urgência de inovação ficou evidente em 2024, quando o Congresso dos EUA reestruturou a indústria de transporte de órgãos, encerrando um contrato exclusivo de 40 anos da United Network for Organ Sharing (UNOS). Com essa mudança, novos players, como a Pulse Charter Connect, ganharam espaço para trazer modernização e eficiência ao setor.
Investimentos e Expansão
A capacidade de Epstein em traduzir conhecimento técnico em soluções reais atraiu investidores. Recentemente, a empresa captou US$ 2 milhões (R$ 11,4 milhões) em uma rodada de financiamento co-liderada pela Ivy Ventures e pela Simplex Ventures. Com isso, o total arrecadado chegou a US$ 3,3 milhões (R$ 18,9 milhões), verba que será usada para expandir as operações, aprimorar o software da plataforma e ampliar a presença da empresa nos EUA.
Kate Kitto, head de venture capital da Simplex Ventures, destacou o potencial da empreendedora: “Laura tem habilidades excepcionais e uma visão ousada. Ela está trazendo inovação para uma indústria que precisa desesperadamente de mudanças.”
Superando Barreiras e Quebrando Paradigmas
Apesar do sucesso, o caminho até aqui não foi fácil. O setor de aviação ainda é dominado por homens, com apenas 9% das companhias aéreas globais lideradas por mulheres. Epstein, com sua experiência como piloto e engenheira aeroespacial, teve que enfrentar barreiras e provar seu valor. Além disso, a captação de recursos para startups lideradas por mulheres é desafiadora: em 2024, apenas 2% do capital de risco foi investido em empresas fundadas por mulheres.
Para contornar essa realidade, ela usou sua rede de contatos estratégicos, incluindo professores, ex-alunos da Universidade de Chicago e programas de aceleração como Techstars, Tampa Bay Wave e Cedars-Sinai. Essas iniciativas foram fundamentais para conectar a startup a investidores e consultores especializados na área da saúde.
Transformando um Setor Vital
A Pulse Charter Connect já está impactando hospitais, coordenadores de transplantes e pacientes que aguardam órgãos. Epstein enfatiza que conquistar a confiança dos hospitais é essencial para a transição do sistema manual para um modelo digital eficiente. “Trata-se de entender as necessidades de cada hospital e mostrar como nossa plataforma pode melhorar o processo,” explica.
Curiosamente, um dos desafios mais inesperados da fundadora foi superar sua própria aversão a sangue. Quando criança, seu medo era tanto que conseguiu ser dispensada das aulas de biologia. Agora, lidera uma startup que salva vidas ao otimizar a logística de transplantes.
Com sua solução inovadora, Epstein e a Pulse Charter Connect estão abrindo caminho para um futuro mais eficiente e impactante no transporte de órgãos. Ao simplificar a comunicação, otimizar as rotas e garantir uma melhor coordenação, a empresa promete mudar a história dos transplantes nos EUA.