Como o Comportamento das Mulheres no Trânsito Impacta no Custo do Seguro Auto
Entre 2018 e 2022, o número de mulheres habilitadas no Brasil cresceu 15%, de acordo com o Registro Nacional de Carteira de Habilitação (Renach). Esse aumento reflete uma tendência de maior presença feminina no trânsito, mas não é apenas isso que chama a atenção. As seguradoras têm notado outro padrão: mulheres se envolvem menos em acidentes graves e acumulam menos infrações, o que impacta diretamente no custo do seguro auto.
O que explica a diferença de valores?
Os preços das apólices de seguro não são definidos aleatoriamente. As seguradoras analisam extensos bancos de dados para calcular os riscos associados a cada perfil de motorista. Quando se trata de mulheres, esses dados mostram que elas:
- Dirigem com mais cautela: tendem a adotar comportamentos mais prudentes no trânsito, como respeitar limites de velocidade e evitar manobras arriscadas.
- Acumulam menos infrações: em comparação aos homens, as mulheres são multadas com menos frequência, principalmente por infrações graves como excesso de velocidade e dirigir sob influência de álcool.
- Estão menos envolvidas em acidentes fatais: em 2022, dos 3.361 condutores que perderam a vida em acidentes de trânsito, impressionantes 92,7% eram homens, enquanto apenas 7,3% eram mulheres, segundo dados do Infosiga-SP.
Esses fatores levam as seguradoras a considerar as mulheres como clientes de menor risco, resultando em apólices com valores mais acessíveis.
Exemplo de prudência no trânsito
A enfermeira Rosa Alvorável é um exemplo de como a prudência feminina no trânsito reflete no histórico positivo das condutoras. Com 14 anos de habilitação, Rosa nunca recebeu uma multa. “Uso sempre o cinto de segurança e observo se todos estão usando também. Tem que ter cuidado redobrado, pois além de mim, que estou conduzindo o veículo, estou carregando outras vidas comigo. Procuro dirigir com atenção e calma”, afirma.
Esse tipo de cuidado não é uma exceção. Para Eduardo Alves, instrutor de trânsito do Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE), o comportamento mais cauteloso das mulheres é uma realidade estatística. “Elas cometem menos infrações de trânsito e, entre os que dirigem sob influência de álcool, o número de mulheres é consideravelmente menor”, explica.
Outros fatores que influenciam o preço do seguro
Embora o perfil do condutor seja um dos critérios mais relevantes, as seguradoras também analisam outras variáveis ao calcular o preço do seguro, como:
- Modelo do veículo: carros de luxo ou esportivos costumam ter apólices mais caras, independentemente do gênero do motorista.
- Região de circulação: áreas com altos índices de roubo ou acidentes podem elevar os custos do seguro.
- Uso do veículo: automóveis usados para fins comerciais, como transporte por aplicativos, também podem ter valores de seguro mais elevados.
Quanto custa o seguro para mulheres?
Os números confirmam a diferença. Segundo um levantamento da corretora Minuto Seguros, o preço médio do seguro para o Onix Sedan Plus no perfil masculino é de R$ 4.677,51, enquanto no perfil feminino o valor cai para R$ 2.238,59. Essa disparidade reflete não apenas o comportamento no trânsito, mas também o reconhecimento estatístico das seguradoras de que as mulheres, no geral, representam um risco menor.
Mulheres ganham espaço no trânsito
O crescimento no número de mulheres habilitadas no Brasil reforça essa tendência. Entre 2018 e 2022, o aumento foi de 15%, segundo o Renach. Esse avanço, somado ao bom histórico das condutoras, é um reflexo de como elas estão ocupando cada vez mais espaço no trânsito — e como essa presença tem sido associada a comportamentos seguros e responsáveis.
Para além das estatísticas, essa realidade mostra que as mulheres têm transformado o trânsito e influenciado até mesmo os cálculos das seguradoras, provando que responsabilidade e cuidado fazem a diferença não apenas na segurança das vias, mas também no bolso.