Débora Pereira e o Mundial do Queijo: Como o Brasil Conquistou seu Espaço na Alta Cultura Queijeira

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Descubra quem é a jornalista que se tornou referência no universo dos queijos artesanais e lidera um movimento que valoriza a cultura láctea brasileira.

Débora Pereira é daquelas pessoas que contagiam com um sorriso no rosto. E, mesmo que não fosse natural dela, motivos não faltariam. O 3º Mundial do Queijo do Brasil, realizado de 11 a 14 de janeiro, foi um sucesso absoluto. Com cerca de 1.900 queijos avaliados, o evento reuniu produtos de 14 países e lotou, todos os dias, a feira no Teatro B32 — o famoso “teatro da baleia” na agitada Faria Lima, em São Paulo. Um espetáculo para os amantes do queijo!

À frente desse movimento, Débora combina paixão e dedicação. Jornalista de formação, ela se apaixonou pelos queijos ainda em seus primeiros passos com a SerTãoBras, organização que promove o queijo artesanal brasileiro desde 2009. Hoje, como diretora geral, ela lidera uma rede com 250 associados em 17 estados. Mas o amor pelos lácteos a levou ainda mais longe: em 2018, Débora se tornou professora queijeira pela renomada Mons, na França, referência global em formação sobre queijos artesanais.

Do Brasil para o Mundo: Uma Evolução que Não Para
“O crescimento do concurso é impressionante: começamos com 800 queijos, depois 1.100, e agora 1.900! Isso mostra não só a força do mercado, mas também que estamos formando jurados no Brasil, elevando toda a cadeia produtiva”, explica Débora, com entusiasmo.

A organização do Mundial, liderada pela SerTãoBras, conta com o apoio de 32 patrocinadores e reúne produtores, empresas e entidades nacionais e internacionais. Débora, que também foi mestre de cerimônia do evento, ainda encontrou tempo para conversar com a Forbes sobre os desafios e o futuro do queijo brasileiro.

Por que o Brasil é Único na Produção de Queijos?
“O Brasil é quente, e isso moldou nossa tradição de queijos mais frescos, como o Minas. Mas o diferencial está na microbiota única do nosso leite, fruto do clima, solo e biodiversidade. Nosso terroir é incrivelmente rico”, afirma Débora.

Essa riqueza natural, aliada a um público que valoriza cada vez mais produtos artesanais, tem impulsionado o mercado. “Nos últimos anos, o consumidor começou a viajar mais e a buscar queijos curados e especiais. Produtos que antes eram ilegais, como o queijo da Canastra em São Paulo, hoje são símbolos da nossa cultura.”

Do Sonho à Realidade: O Mundial de Queijo no Brasil
A ideia de realizar um evento de queijos no Brasil surgiu durante o doutorado de Débora na França. Inspirada pelos eventos queijeiros europeus, ela trouxe a visão para cá e, em 2017, lançou um guia sobre cura de queijos com dois especialistas franceses. O sucesso foi imediato.

“Começamos a formar produtores e consumidores, ensinando desde técnicas de cura até análise sensorial. Não adianta ter um queijo incrível se o público não sabe apreciá-lo”, ressalta.

O Impacto Global dos Queijos Brasileiros
Hoje, queijos brasileiros começam a ganhar destaque internacional, inclusive em concursos na Europa. “Somos o quinto maior produtor de leite do mundo, mas ainda estamos no início quando se fala em queijo. Em qualidade, no entanto, estamos surpreendendo, com microflora mais rica que a da França, por exemplo.”

O Queijo e a Nova Geração
Para Débora, a adesão ao queijo artesanal vai além do sabor. “É um movimento contra a comida industrializada. O queijo artesanal é sobre histórias, sustentabilidade, respeito à natureza. É emocionante ver jovens abraçando essa causa.”

E o Futuro?
Débora é otimista sobre o crescimento do Mundial. “Temos potencial para chegar a 4.500 queijos no concurso, como nos grandes eventos internacionais, mas isso exige uma estrutura ainda maior. Estamos no caminho certo.”

Com carisma, visão e determinação, Débora Pereira está transformando o queijo artesanal brasileiro em um símbolo de orgulho nacional. E se depender dela, o mundo todo ainda vai ouvir falar muito mais sobre os queijos do Brasil.

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