Estratégia Simples de Recrutamento Aumenta Contratação de Mulheres sem Políticas de Diversidade

Compartilhe este conteúdo:

Enquanto empresas globais enfrentam polêmicas sobre políticas de diversidade, um estudo publicado na Administrative Science Quarterly revelou que uma simples mudança no processo de triagem de candidatos aumentou em 24% a contratação de mulheres em uma multinacional de tecnologia (apelidada de “Alpha” no estudo). A estratégia? Transferir a seleção inicial de currículos do gestor para o RH — reduzindo vieses inconscientes sem alterar critérios técnicos.

O Estudo em Dados

✔ Amostra: 8.750 contratações analisadas em 24 meses.
✔ Resultado:

  • Antes: Gestores selecionavam candidatos → 28% mulheres contratadas.
  • Depois: RH pré-selecionava 7 candidatos por vaga → 34,7% mulheres contratadas.
    ✔ Aceitação: 82% dos gestores aprovaram a mudança (vs. 60% antes).

(Fonte: Pesquisa em multinacional com 50 mil funcionários em 60 países)

Como Funcionou a Mudança?

1. O Problema Original

  • Gestores sobrecarregados analisavam centenas de currículos por vaga.
  • Critérios subjetivos dominavam:
    • “Prefiro candidatos que praticaram esportes de elite” (gerente de TI).
    • “Contratava apenas indicações da minha rede” (gerente de vendas).

2. A Solução Implementada

  • RH assumiu a triagem inicial:
    • Listas reduzidas (7 candidatos por vaga).
    • Foco em competências técnicas (sem dados demográficos).
  • Gestores mantiveram poder decisório nas entrevistas finais.

3. Por Que Mais Mulheres Foram Contratadas?

  • Redução de vieses: RH usou dados objetivos, enquanto gestores tendiam a reproduzir perfil da equipe atual (majoritariamente masculina).
  • Efeito “rede de contatos”: Homens indicavam mais homens (estudos mostram +72% de indicações para pessoas do mesmo gênero).

Impacto Além do Gênero

Embora o estudo não tenha medido outros recortes, especialistas sugerem que o modelo pode beneficiar:

  • Pessoas negras (menos presentes em redes de indicação de líderes brancos).
  • Profissionais 50+ (excluídos por vieses etários na triagem informal).

“Processos estruturados reduzem discriminação melhor que treinamentos de viés inconsciente.”
— Iris Bohnet (Harvard, autora de What Works)

Por Que Isso Importa?

  • Crise das políticas de DE&I: Empresas como Google e Meta reduziram orçamentos para diversidade em 2023.
  • Solução “neutra”: Estratégia da Alpha não mencionava diversidade, mas a promoveu como “efeito colateral”.
  • Ganho de produtividade: Processo seletivo 40% mais rápido (evitando perda de talentos para concorrentes).

Casos Reais (Fora do Estudo)

✔ Unilever: Adotou triagem cega em 2016 → aumentou contratação de mulheres em 15%.
✔ Spotify: Usa testes práticos anônimos para vagas técnicas → +22% diversidade étnica.

Como Aplicar na Sua Empresa?

Centralize a triagem no RH (ou em software de ATS).
Limite candidatos por vaga (entre 5 e 10).
Padronize critérios técnicos (ex.: testes de código para TI).
Mantenha decisão final com gestores (para evitar resistência).

Desafios e Limitações

  • RH precisa de treinamento para evitar seus próprios vieses.
  • Cargos seniores ainda dependem de redes informais.
  • Não substitui ações afirmativas para grupos sub-representados.
Compartilhe este conteúdo: