Liderança Feminina no Empreendedorismo: O Crescimento Acelerado das Startups

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Mulheres ao redor do mundo superam barreiras e impulsionam o crescimento de startups inovadoras

A liderança feminina em startups de alto crescimento está em ascensão, quebrando paradigmas e conquistando espaço em setores antes dominados por homens. Mulheres empreendedoras estão liderando iniciativas escaláveis, desafiando desafios estruturais e acessando novas oportunidades de financiamento. O Relatório sobre Empreendedorismo Feminino 2023/2024 do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) revelou que elas representam um terço dos empreendedores de crescimento acelerado, um salto significativo que reflete mudanças no ecossistema global de startups.

Crescimento exponencial e impacto global

Em diversas regiões, as mulheres já superam os homens na criação de startups inovadoras. Países como Chile, Colômbia, Irã, Lituânia, Holanda e Venezuela apresentam uma maioria feminina entre os empreendedores que impulsionam inovações. “Estamos em uma posição privilegiada por contar com 25 anos de dados”, afirma Aileen Ionescu-Somers, diretora executiva do GEM. “Este ano marca o 25º aniversário do GEM, permitindo-nos acompanhar a evolução da atividade empreendedora feminina ao longo do tempo.”

O aumento da presença feminina não é apenas estatístico, mas um reflexo de transformações estruturais e sociais. De 2001-2005 para 2021-2023, a taxa de mulheres fundadoras de startups subiu de 6,1% para 10,4% nos 30 países analisados. Em mercados como França, Holanda e Hungria, esse crescimento foi ainda mais expressivo, com a taxa de fundadoras mais do que dobrando.

Atualmente, uma em cada dez mulheres está iniciando novos negócios, em comparação com um em cada oito homens. Curiosamente, os países de alta renda apresentam as menores taxas de empreendedorismo feminino e as maiores disparidades de gênero. “Isso pode estar relacionado às oportunidades de emprego estáveis para mulheres nesses países, mas essa realidade pode mudar com a instabilidade do mercado de trabalho”, aponta Ionescu-Somers.

Nos países de baixa renda, onde as oportunidades formais de trabalho são mais escassas, mais mulheres optam por empreender. No entanto, os desafios ainda são expressivos, e em algumas regiões, como Geórgia, Marrocos e Polônia, a atividade empreendedora feminina está em queda.

O desafio do acesso ao capital

Apesar do avanço, as dificuldades no acesso ao financiamento continuam sendo um grande obstáculo. O estudo do GEM revela que barreiras estruturais e vieses ainda limitam as oportunidades para startups lideradas por mulheres, especialmente nas fases iniciais e de crescimento.

Um dos motivos dessa desigualdade é que as mulheres empreendem, em sua maioria, em setores que tradicionalmente atraem menos investimentos. Dados do relatório indicam que quase metade das empreendedoras atua nos setores de atacado e varejo, enquanto 20% estão em serviços sociais e governamentais. Em contraste, apenas uma pequena parcela se aventura em tecnologia da informação e comunicação (TIC), agricultura e mineração — setores que costumam atrair mais investimentos.

“Globalmente, os setores mais atrativos para o capital de risco são os de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), nos quais as mulheres ainda são minoria”, explica Ionescu-Somers. Investir na educação e no incentivo à participação feminina em STEM e TIC pode ampliar significativamente as oportunidades para as empreendedoras.

Políticas públicas transformam o ecossistema

Governos de diversos países têm implementado estratégias para incentivar o empreendedorismo feminino. Um exemplo de sucesso é a Arábia Saudita, onde reformas estruturais voltadas ao setor empresarial resultaram em um crescimento expressivo de startups lideradas por mulheres nos últimos três anos. Essas mudanças foram impulsionadas por uma estratégia para reduzir a dependência do país no petróleo.

“Quando ocorrem transformações estruturais, as mulheres estão prontas para aproveitar as oportunidades”, destaca Ionescu-Somers. O relatório também enfatiza que, embora homens e mulheres tenham intenções similares de empreender, as barreiras enfrentadas pelas mulheres são consideravelmente maiores.

A pandemia da Covid-19 também teve impacto na liderança feminina. Muitas empresárias tiveram que fechar seus negócios para assumir responsabilidades familiares, mas estão agora retomando suas atividades. “A reconstrução é gradual, mas as mulheres estão recuperando espaço no mercado”, aponta o estudo.

Mentoria e redes de apoio: um diferencial para o sucesso

O acesso a mentores e redes de apoio é um fator determinante para o sucesso de startups femininas. Programas implementados em países como Suíça e Emirados Árabes Unidos têm ajudado a conectar mulheres a investidores e recursos financeiros, reduzindo desigualdades no acesso ao capital.

Normas culturais também influenciam o financiamento. Em muitas regiões do Oriente Médio, por exemplo, as empreendedoras dependem do apoio financeiro de suas famílias, enquanto os homens têm maior acesso a fundos independentes.

Para fortalecer o empreendedorismo feminino, o GEM recomenda:

  • Fortalecimento de leis contra a discriminação no acesso ao crédito;
  • Criação de programas de financiamento exclusivos para mulheres empreendedoras;
  • Promoção de eventos e redes que conectem mulheres a investidores e executivos;
  • Estabelecimento de grupos de mentoria liderados por empreendedoras experientes.

O cenário está mudando. Com mais mulheres investindo em startups e um maior interesse de fundos de capital de risco em lideranças femininas, o mercado caminha para um futuro mais diverso e igualitário. A expansão do apoio institucional e político pode consolidar esse crescimento, permitindo que empreendedoras alcancem seu potencial máximo e revolucionem setores chave da economia global.

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