Ondas de calor, alterações de humor e insônia. Para muitas mulheres, esses são apenas alguns dos desafios que a menopausa traz — e o impacto na vida profissional pode ser significativo.
No mundo corporativo, onde a performance e a produtividade são exigidas constantemente, a menopausa ainda é um tema pouco discutido. Mas a realidade é que as perdas de produtividade relacionadas a esse período podem ultrapassar US$ 150 bilhões anualmente, segundo a consultoria Frost & Sullivan.
A especialista em saúde da mulher, autora e influenciadora Dra. Tasneem Bhatia, mais conhecida como Dra. Taz, defende que esse assunto precisa de mais visibilidade, especialmente entre mulheres que ocupam (ou desejam ocupar) cargos de liderança.
Menopausa: um obstáculo invisível na carreira?
A menopausa pode ser uma fase de transformação, mas também de desafios no ambiente de trabalho. Alterações na energia, na motivação e no humor podem impactar diretamente o desempenho profissional. A falta de sono, os episódios de ansiedade e depressão e até mesmo as tentativas de disfarçar as ondas de calor tornam o dia a dia mais exaustivo.
Além disso, a idade por si só já é um fator que muitas mulheres sentem pesar na progressão da carreira. “Muitas relatam que, ao ganharem peso durante essa fase, começam a ser tratadas de forma diferente”, diz a Dra. Taz. E os dados confirmam: segundo a Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos EUA, um aumento de 10% no peso de uma mulher pode resultar, em média, em uma queda de 6% na sua renda.
Mas existem caminhos para enfrentar esses desafios. “Há soluções que vão desde tratamentos naturais até terapias hormonais abrangentes”, explica a médica. O primeiro passo? Deixar a vergonha e a culpa de lado. Falar abertamente sobre os sintomas, buscar apoio e encontrar estratégias personalizadas pode ajudar as mulheres a manterem o foco e a confiança em suas carreiras.
Liderança e menopausa: como encontrar equilíbrio
O climatério — fase de transição entre o período fértil e a menopausa — começa por volta dos 40 anos e pode se estender até os 65 anos. Curiosamente, essa fase coincide com o momento em que muitas mulheres estão assumindo grandes responsabilidades profissionais, recusando ou aceitando cargos de liderança.
Para a Dra. Taz, o segredo para manter o equilíbrio entre vida pessoal e profissional está no autoconhecimento e na atenção à saúde física e mental. “As mulheres precisam entender e cuidar da sua saúde hormonal, nutricional e emocional. O estresse crônico, por exemplo, pode levar à inflamação cerebral, afetando a alimentação, a prática de exercícios e a qualidade do sono”, alerta.
O que as empresas podem fazer?
As mudanças hormonais não afetam apenas o bem-estar das mulheres, mas também sua função cognitiva e seus níveis de energia. Pequenas mudanças no estilo de vida — como melhorar a alimentação, praticar exercícios e ajustar hábitos diários — podem fazer uma grande diferença.
A médica sugere aumentar o consumo de proteínas, manter uma boa hidratação, alimentar-se em horários regulares e reduzir a ingestão de açúcar para ajudar no equilíbrio hormonal. Mas, além do autocuidado, as empresas também precisam fazer sua parte.
Criar políticas que apoiem as mulheres durante essa transição é essencial para promover um ambiente de trabalho mais inclusivo. Discutir o tema, oferecer suporte e flexibilizar algumas demandas pode gerar impactos positivos tanto para as mulheres quanto para a produtividade da equipe como um todo.
O fato é que a menopausa não deve ser um obstáculo para o crescimento profissional. Com informação, apoio e mudanças estratégicas, as mulheres podem continuar avançando em suas carreiras — e as empresas podem se beneficiar de um ambiente mais saudável, produtivo e inclusivo.