Idade média da maternidade passou de 25,3 anos em 2000 para 27,7 anos em 2020 e pode chegar a 31,3 anos em 2070
As mulheres brasileiras estão adiando cada vez mais a maternidade, de acordo com um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo os dados, a idade média em que as mulheres têm filhos aumentou de 25,3 anos em 2000 para 27,7 anos em 2020. As projeções indicam que essa tendência deve continuar, podendo atingir 31,3 anos até 2070.
Os números fazem parte das primeiras Projeções de População do IBGE baseadas nos dados do Censo Demográfico de 2022, divulgadas na última quinta-feira (22). O levantamento mostra um movimento crescente de adiamento da maternidade, que pode impactar diretamente o total de nascimentos no país.
Segundo Izabel Marri, gerente de Estudos e Análises Demográficas do IBGE, esse fenômeno acompanha uma tendência global de transformação nos padrões reprodutivos. “Temos observado, no Brasil e em vários países, um adiamento da maternidade, isto é, as mulheres decidindo-se a terem seus filhos mais tarde. Indiretamente, isso também contribui para a redução do total de nascimentos”, explica a demógrafa.
Principais fatores que levam ao adiamento da maternidade
Especialistas apontam diversos motivos para essa mudança de comportamento, incluindo:
- Aumento da escolaridade e da participação feminina no mercado de trabalho: Mulheres estão investindo mais tempo nos estudos e na carreira antes de planejar uma gravidez.
- Melhor acesso a métodos contraceptivos: A maior disponibilidade de anticoncepcionais permite que as mulheres tenham maior controle sobre o planejamento familiar.
- Mudanças culturais e sociais: O casamento e a maternidade não são mais vistos como marcos obrigatórios na vida das mulheres, que passam a priorizar outros projetos pessoais.
- Avanços na medicina reprodutiva: O desenvolvimento de técnicas como a fertilização in vitro (FIV) possibilita a gravidez em idades mais avançadas, dando mais liberdade para a decisão sobre o momento de ter filhos.
Impactos no crescimento populacional
A pesquisa do IBGE também projeta que a população brasileira pode começar a diminuir a partir de 2041, quando atingirá seu pico de pouco mais de 220 milhões de habitantes. Esse cenário reforça a tendência de envelhecimento da população, uma vez que menos nascimentos resultarão em um aumento proporcional de pessoas idosas no país.
As projeções utilizam dados de diversas fontes, incluindo:
- Censos Demográficos de 2000, 2010 e 2022
- Estatísticas do Registro Civil, série histórica iniciada em 1974
- Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)
- Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC)
O levantamento permite um acompanhamento detalhado da evolução dos padrões demográficos brasileiros, auxiliando na formulação de políticas públicas voltadas para a saúde, economia e previdência social.
Com a redução do número de nascimentos e o envelhecimento populacional, especialistas alertam para desafios futuros, como a necessidade de adaptação do sistema previdenciário e o impacto na força de trabalho do país.