O Prêmio Nobel de Economia para Claudia Goldin e a luta pela igualdade de gênero no mercado de trabalho, por Por Juliana Zanrosso.
“Já não era sem tempo”, exclamou a Professora Kerstin Enflo, Membro da Real Academia Sueca de Ciências, no discurso de abertura de entrega do Prêmio Nobel de Economia à Claudia Goldin, em dezembro de 2023 em Estocolmo, Suécia. Professora de economia em Harvard, Goldin foi a terceira mulher a ganhar o Nobel de Economia e a primeira mulher da história a recebê-lo sozinha, sem a participação de outros grupos que incluíssem homens. Foi laureada por suas pesquisas pioneiras sobre as desigualdades de gênero no mercado de trabalho.
Uma análise detalhada da história econômica das mulheres
Claudia Goldin não apenas forneceu novos fatos sobre a evolução das disparidades de gênero no emprego e nos ganhos ao longo do tempo, mas também descobriu os fatores que impulsionam essa evolução, incluindo os mais relevantes para as disparidades que ainda permanecem vigentes na atualidade. Ela conseguiu isso combinando um modelo microeconômico de oferta e demanda com análises empíricas rigorosas da economia contemporânea do trabalho.
Entre suas descobertas notáveis, destacam-se os efeitos transformadores da pílula anticoncepcional, a expansão do setor de serviços e a evolução das normas sociais que moldaram a trajetória da participação feminina no mercado de trabalho, nas famílias e na educação.
A Revolução Silenciosa
Uma das contribuições mais significativas de Goldin é a identificação da “revolução silenciosa” iniciada na década de 1970, quando o acesso à pílula anticoncepcional permitiu que mulheres controlassem melhor sua fertilidade. Esse controle incentivou investimentos em educação e carreiras, resultando em um aumento substancial da força de trabalho feminina qualificada.
Em trabalho publicado em 2002, Goldin e Katz1 demonstraram que a disponibilidade da pílula foi um catalisador importante para essa transformação, elevando a idade média ao primeiro casamento e ao nascimento do primeiro filho, além de aumentar significativamente os investimentos em carreiras profissionais.
O Efeito da Maternidade
Outro aspecto crucial do trabalho de Goldin é a análise do “efeito da maternidade”, que explica a persistência da disparidade salarial entre homens e mulheres, mesmo em países de alta renda. Após o nascimento de um filho, as mulheres frequentemente enfrentam uma diminuição imediata e duradoura em seus ganhos e horas trabalhadas, enquanto os homens muitas vezes experimentam um aumento em seus rendimentos. Goldin (2014)2 argumenta que a falta de flexibilidade no local de trabalho é um fator chave para esse fenômeno, com mulheres frequentemente penalizadas por necessitarem de empregos flexíveis para cuidar dos filhos.
Um legado de impacto e inspiração
O Prêmio Nobel de Economia concedido a Claudia Goldin é um marco histórico que celebra as conquistas das mulheres na economia e destaca a importância da luta pela igualdade de gênero no mercado de trabalho. Além disso, a flexibilidade no local de trabalho emergiu como uma área crítica que, se abordada, poderia diminuir de forma significativa os impactos das limitações oriundas da maternidade.
Sua pesquisa inovadora nos guia na compreensão das complexas forças que moldam a dinâmica de gênero, permite-nos decifrar com maior profundidade as raízes dessas desigualdades, inspirando novas gerações de mulheres a perseguirem seus sonhos e ambições, construindo um futuro mais equitativo e justo para todos.
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